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SOMOS ESPELHOS EMOCIONAIS DOS ANIMAIS DA NOSSA CASA?

Obra no telhado me mostrou que pesquisadora Kristyn Vitale tem razão sobre reação de gatos a partir de comportamento de tutor

27/08/23

Patricia Vidal

Gato reage ao ventilador / Imagem: Canva

Marteladas e esmerilhadeiras me acompanham nesta escrita. Impiedosas! O teto treme a cada passo pesado dos carpinteiros. Eles trocam as telhas de barro da casa por um telhado tecnológico. A operação de guerra é bruta. Está longe do isolamento acústico que o resultado final promete.


Fiz o que pude para proteger as bigodudas do caos doméstico: terapias integrativas e comunicação intuitiva para avisar sobre a reforma. Yasmin exclamou “que triste!” (trocar o telhado) e aconselhou não deixá-lo aberto muito tempo. A pequena estava preocupada com a ideia de um gato forasteiro entrar.

Em recente experimento a pesquisadora de comportamento felino Kristyn Vitale demonstra a reação de gatos (cães reagem igualmente) diante de situações desconhecidas. Para testar a hipótese de que os animais se espelham nos humanos, colocou tiras de papel em um ventilador que foi ligado. Quando o tutor se “assustava” com o movimento das tiras, a maioria dos bichanos se escondia da ameaça. Os tutores que enfrentavam a novidade com curiosidade e entusiasmo estimularam seus pets a ficarem tranquilos.


Durante a reforma, permaneço o máximo possível em casa. Converso com elas, reassegurando de que tudo está bem, ainda que pareça (?!) fora de controle. O alto volume das máquinas é perturbador, em alguns momentos. Corremos de um lado a outro em busca de trégua. Noto que elas seguem meu estado emocional. Buscam em mim direcionamento para reagir. Já percebeu que seu bichinho te procura para saber o que fazer? Crianças pequenas fazem isso o tempo todo.


É difícil definir o que essa faceta - inerente ao papel de tutor - desperta. Entre tantas coisas, uma enorme responsabilidade! Ao mesmo tempo, satisfação. Satisfação de saber que somos confiáveis, que somos capazes de regular não só as nossas emoções mas afetar positivamente as deles também. Lembro de uma paciente contar com orgulho que seu cão comia qualquer coisa de sua mão. Não fazia o mesmo com mais ninguém. Nem mesmo com o marido. Tinha uma fé cega nela. Ser digna de tamanha entrega deu sentido novo e potente à vida dela. Foi um vínculo curador!


Já pensou no quanto você é importante para o seu bichinho, muito além dos cuidados práticos que oferece?

Psicóloga especializada em vínculos e luto por perda de animais domésticos.

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