Prevenção e tratamento precoce podem mudar a situação da doença no Brasil
Limpar quintais, coleiras com repelentes e até vacinas são saídas para evitar a Leishmaniose. A doença pode ser fatal, inclusive para humanos.
Relatório de 2019 sobre a incidência da doença nas Américas aponta 15.484 registros no Brasil, mais do que o triplo do computado pelo segundo e o terceiro países apontados na lista: Colômbia (5.907) e Peru (5.349).
O levantamento foi feito pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
Nesta semana de Combate à doença, o CRMV-SP alerta que políticas públicas poderiam mudar esse cenário como acesso ao diagnóstico precoce e tratamento adequado de casos.
“ O que eu posso fazer, doutor?” - É muito importante evitar a proliferação de insetos no quintal com cuidados semelhantes ao que se recomenda contra a proliferação do mosquito da dengue, porém o foco de reprodução não está na água parada.
“No caso da leishmaniose, o vetor se reproduz em qualquer tipo de matéria orgânica”, diz explica o médico-veterinário Otávio Verlengia, da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do CRMV-SP.
Segundo ele, a recomendação é colocar qualquer entulho orgânico diretamente no lixo e não acumular nada. “Folhas, galhos de árvores, fezes de animais, restos de madeira e lixos de um modo geral. Os quintais devem estar sempre limpos”, afirma.
A orientação também vale para terrenos desocupados e criatórios de cães.
Prevenção em animais - No caso dos cães, há coleiras repelentes e/ou pipetas para aplicação, indica Verlengia. “Elas vão afugentar o mosquito, evitando que ele pique o cão. Se não consegue picar o animal, a doença está combatida.” Há ainda o recurso da vacina.
No caso dos gatos, há coleiras específicas para eles também. O controle populacional desses animais também é parte da solução. “O principal alvo e hospedeiro da leishmaniose é o cão, que ao ficar solto na rua favorece essa proliferação da doença. Se os cães das ruas são controlados e os das casas estão vacinados, encoleirados e/ou com pipetas, isso diminui muito a incidência da leishmaniose”, afirma.
Prevenção em humanos - O uso de mosquiteiros, telas nos portões e janelas e uso de repelentes, especialmente em regiões endêmicas, ajuda na prevenção da doença em seres humanos.
Segundo avaliação da presidente da Comissão Técnica de Saúde Ambiental do CRMV-SP, Elma Polegato, vários fatores contribuem para a leishmaniose ser considerada uma doença negligenciada e ter indicadores de ocorrência em alta - da desnutrição ao desmatamento.
“Inicialmente considerada zoonose de animais silvestres, que acometia ocasionalmente pessoas em contato com as florestas, a doença passou a ocorrer em zonas rurais, já praticamente desmatadas, e em regiões periurbanas, com a adaptação do mosquito e presença de reservatórios em espaços urbanos”, diz Elma.
Segundo ela, Araçatuba, Presidente Prudente e Marília estão entre as áreas com maior concentração da doença no Estado.
Embora o Brasil ainda adote a eutanásia para animais com leishmaniose em algumas cidades, essa prática já foi abolida em outras partes do mundo. Tem remédio. Nem cão, nem gato precisam morrer para conter a doença.
Tem remédio, embora o Brasil ainda adote a eutanásia para animais com leishmaniose em algumas cidades. Essa prática já foi abolida em outras partes do mundo.
Vídeo para o E aí, bicho? do médico-veterinário Otávio Verlengia, da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais CRMV-SP