Macaco vítima de agressão com fratura no fêmur / Foto: Polícia Ambiental SP
Três macacos-prego com sinais de intoxicação foram encontrados, na última semana, na área de mata de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. Uma fêmea foi atacada no rosto, possivelmente a pauladas. Outra teve fratura do fêmur. E outros três, não sobreviveram aos ataques dos últimos dias.
A violência contra os animais volta agora por causa do novo surto de monkeypox, a chamada varíola dos macacos. A questão é que eles não são uma ameaça para os humanos. O contágio acontece pelo contato pele-a-pele, entre pessoas contaminadas. Essa informação já foi confirmada por diferentes agências de saúde do mundo.
“Todos os animais que a gente conseguiu receber e encaminhar ao zoológico de São José do Rio Preto fizeram exame de febre amarela e da varíola e nenhum deles estava contaminado. Então, é importante a população saber que no momento o contágio de humano para humano”, explica Capitão Deivid Gabriel, da Polícia Ambiental de São Paulo.
Entre 2017 e 2018, dezenas de animais foram vítimas da ignorância humana na época por causa da febre amarela. Com medo da transmissão - que nesse caso é feita por mosquito contaminado - muitas pessoas agrediam os bichos até a morte. Tanto para varíola quanto para a febre amarela, existem vacinas para proteger os humanos. Mas não para os animais que ficam doentes antes e nos alertam antecipadamente do risco. “Ou seja, os macacos servem como animais sentinela sobre o risco de estarmos expostos a doenças”, explica comunicado da Sociedade Brasileira de Primatologia, “eles não são os “vilões”, e sim vítimas como nós, humanos”.
“A multa é de R$500 pela caça, se o animal for incluído nos maus-tratos, mais R$ 3 mil, se ele morrer, mais R$6 mil, mas isso é o de menos, o pior é agredir um ser com tanta importância para equilíbrio do meio ambiente”.
Por que varíola dos macacos? - A OMS, Organização Mundial da Saúde, estuda mudar o nome da monkeypox ou varíola dos macacos para acabar com a associação equivocada e proteger os símios.
A doença foi batizada assim em 1958 quando o vírus foi descoberto em um macaco que passava por testes em laboratório. Anos depois em 1970, foi identificada a contaminação em humanos, com casos concentrados na África. Em 2003, houve o primeiro surto fora do continente africano, após roedores serem importados para os Estados Unidos como animais de estimação. A partir daí, roedores nativos conhecidos como cães-da-pradaria também foram infectados, e depois transmitiram para as pessoas. Somente 2022 que essa varíola chegou à Europa e se espalhou pelo mundo. Já são 22 países com registros de pessoas contaminadas. O Brasil, atualmente, é o terceiro em números, com mais de 4 mil casos.
Deixem os animais em paz - Quem bate, afugenta ou mata animais silvestres como macacos comete crime ambiental. “A multa é de R$500 pela caça, se o animal for incluído nos maus-tratos, mais R$ 3 mil, se ele morrer, mais R$6 mil”, afirma o Capitão Deivid Gabriel, “mas isso é o de menos, o pior é agredir um ser com tanta importância para equilíbrio do meio ambiente”.
Segundo a Sociedade Brasileira de Primatologia, os macacos têm importante papel na manutenção das florestas: ajudam na polinização, dispersão de sementes nativas e controle de pragas. Com isso, contribuem com a manutenção da saúde ambiental e humana.
Não existe, portanto, motivo para ter medo que um macaco passe o vírus para sua família. Mas na dúvida, não os agrida. Apenas, tome distância. “Caso você possua algum primata não-humano e por receio dessa virose não se sinta confortável em mantê-lo, deve entregar aos órgãos competentes, IBAMA ou Centro de Triagem de Animais Silvestres – CETAS, mesmo que o animal não seja de origem legal. Nunca solte na natureza! Ao avistarem algum macaco doente ou morto, avisem aos órgãos de saúde do seu município”, esclarece o comunicado.